Disciplina - Geografia

Geografia

14/06/2012

Crescem crimes contra índios

Autor(es): RENATA MARIZ
Estimada em 817 mil pessoas, a população indígena brasileira tem sido alvo de constantes violências, conforme revela estudo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado ontem. O número de conflitos notificados envolvendo invasão das aldeias e exploração ilegal de recursos naturais passou de 33, em 2010, para 42, em 2011. As tentativas de assassinato, na maior parte decorrentes de conflitos fundiários, subiram de 18 para 30, no mesmo período, enquanto os homicídios consumados reduziram ligeiramente, de 60 para 51 casos. Um dos dados mais estarrecedores, entretanto, é a morte de crianças de até 5 anos, que saltou de 92 para 126.
A situação mais grave ocorre no Vale do Javari (AM) e no interior de Mato Grosso, onde estão espalhadas várias aldeias xavantes. Nesse último estado, houve até uma intervenção do Ministério da Saúde, em janeiro de 2011, em função do elevado número de falecimentos. Coordenadora do relatório, a antropóloga Lúcia Helena Rangel considera inadmissíveis as causas de mortes das crianças indígenas. "São doenças respiratórias, diarreias e outros problemas de saúde quase sempre tratáveis. Entre os adultos, a desassistência é semelhante. Há muita gente morrendo de malária, hepatite, pneumonia", afirma a especialista.
Procurado, o Ministério da Saúde alegou não conhecer o relatório do Cimi para poder se manifestar. Mas apresentou dados sobre a morte de crianças de até um ano, ressaltando uma queda de 4,8% no índice entre 2010 e 2011 — passando de 662 para 630. A pasta ressaltou ainda que a intervenção na área dos xavantes resultou em um decréscimo de 30% dos óbitos na mesma população. Para a antropóloga Lúcia Helena, a situação da falta de assistência à saúde tem sido denunciada há muito tempo, sem soluções práticas e duradouras até agora. "Esperamos que as medidas sejam adotadas para que os indígenas tenham suas vidas preservadas", afirma.
O problema de álcool e drogas é outro ponto de destaque do relatório. E atinge não só adultos, mas também crianças. Uma das ocorrências registradas é a de uma menina do povo Apurinã, no município de Pauini (AM), desnutrida, que teve de ser hospitalizada por overdose de oxi, um subproduto da cocaína semelhante ao crack. Nessa região, os índios estão plantando maconha para, além de consumir, trocar por óleo, açúcar e sabão, alerta o documento.
Uma comparação foi feita, no relatório, do desempenho de cada presidente da República na homologação de terras indígenas, cabendo a Dilma Rousseff o título de pior mandatária até agora. Para se ter ideia, enquanto a média anual de canetadas em favor de reivindicações indígenas varia de 9 (Itamar Franco) a 53 (Fernando Collor de Mello), a atual presidente só homologou três territórios indígenas em 2011.

Esta notícia foi publicada em 14/06/2012 no site Correio Brasiliense, estando disponível no Portal ClippingMP. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade do autor.
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