Disciplina - Geografia

Geografia

02/01/2012

Metrópole com ares de interior

O fato de estarmos tão próximos geograficamente do Paraguai não nos impede de termos uma visão das mais distorcidas do país. Tente lembrar das últimas notícias a respeito de nosso desprezado vizinho. É muito provável que falassem de tráfico de drogas ou armas, contrabando, roubo de carros e outros tipos de contravenção. Na melhor das hipóteses, o assunto era futebol – sim, os paraguaios têm hoje uma das melhores seleções do continente sul-americano. A quem está acostumado a atravessar a fronteira em Foz do Iguaçu, para fazer compras na fervilhante e estressante Ciudad del Este, e também acaba tendo uma percepção parcial do Paraguai, um conselho: inclua Assunção, capital do país, nos seus planos de viagem. Essa decisão ajudará a desfazer essa imagem tão redutora e injusta, construída ao longo de décadas.
O primeiro grande argumento para convencer o turista que gosta de fazer compras: a capital tem vários shoppings centers, maiores e melhores do que os de Ciudad del Este, e um comércio de rua bastante variado, onde o visitante vai encontrar preços convidativos, sobretudo de produtos importados, como eletroeletrônicos, cosméticos, perfumes e artigos esportivos. Grande, barulhenta e com um trânsito caótico, seguindo à risca a cartilha das grandes metrópoles latino-americanas, Assunção é, a exemplo de suas hermanas continentais, marcada por contrastes. Há desde condomínios de alto padrão, hotéis sofisticados, restaurantes gourmet e comércio de luxo, até a Chacarita, a única porém imensa favela da capital paraguaia, que abriga centenas de milhares de pessoas às margens do Centro e da Baía de Assunção.
Setor histórico
Fundada em 15 de agosto de 1537, Assunção é tão antiga que é conhecida como a “Mãe das Cidades” do continente, porque, a partir dela saíram várias expedições que fundariam muitos dos grandes centros urbanos do Cone Sul. Localizada na margem esquerda do Rio Paraguai, quase em frente à sua confluência com o Rio Pil­­comayo, a cidade por vezes parece metrópole, mas também tem ares pacatos e interioranos. No Centro, o visitante vai encontrar 500 anos de história, ainda que muitas das edificações originais tenham sido destruídas e reconstruídas ao longo dos séculos. O setor histórico de Assunção abriga alguns dos prédios mais importantes do país e que merecem ser visitados.
O passeio pode, e deve, ser feito a pé, para que o visitante possa observar os detalhes da arquitetura colonial, que se mistura a prédios mais modernos, e sem perder os coloridos das ruas, onde, em cada esquina se veem vendedores da erva mate in natura, e em diversas possibilidades de mistura, utilizada no preparo da bebida nacional, o tererê, versão fria do chimarrão, sorvido em cuias menores. Elas são abastecidas com a água gelada que os paraguaios carregam em garrafas térmicas do mais diversos modelos, que também podem ser adquiridas na rua, em barracas de vendedores ambulantes. Dentre os prédios históricos centrais de Assunção, há alguns que são obrigatórios. Situada na esquina das ruas 14 de Maio e Presidente Franco, no coração do Centro, a Casa da Independência é uma edificação de 1772. Na residência, de propriedade dos irmãos Pedro Rablo e Sebastián Antonio Martinez Sáenz na época, eram realizadas as reuniões secretas que desembocaram na Revolução da Independência, proclamada na madrugada entre os dias 14 e 15 de maio de 1811, há exatos 200 anos. Foi dali que saíram os homens liderados pelo capitão Pedro Juan Caballero para ir até a sede de governo exigir a saída dos governantes espanhóis. Hoje, a casa é um museu onde podem ser vistos não apenas documentos, mas o mobiliário da época, assim como trajes e obras de arte.
Perto dali, na Praça 9 de Julho, à beira da Baía de Assunção, o visitante vai encontrar um belo prédio cor de rosa, no melhor estilo neoclássico do século 19. É a antiga sede do Congresso do Paraguai (Antigo Cabildo), transferido para um prédio do outro lado da mesma praça, e hoje sede do Centro Cultural da Répública, que abriga um importante museu de história e antropologia indígena. Na mesma rua do Antigo Cabildo, chamada El Paraguay Independiente, em questão de minutos se chega ao Palácio de López, suntuosa sede do governo federal, edificada no século 19, em forma da letra “U”, com quatro torres, à margem da Baía de Assunção. Construído para se tornar residência do presidente Maris­­cal Francisco Solano López (1827-1870), o palácio jamais foi habitado por ele, morto no desfecho da Guerra do Paraguai, maior conflito armado internacional travado entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai, que também tratou de interromper a construção.
Esta notícia foi publicada em 22/12/2011 do sítio Gazeta do Povo. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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