Disciplina - Geografia

Geografia

28/07/2011

Diante da imensidão da rocha

Quilômetros e quilômetros de trilhas abertas pelos garimpeiros de diamante do século 18 servem hoje à nova e sustentável exploração da Chapada Diamantina: o ecoturismo. A região é um dos lugares mais grandiosos do planeta, ideal para entrar em contato com a natureza bruta em variadas experiências: subir e descer montanhas e rochas, entrar em cavernas e grutas de águas coloridas, tomar banho em piscinas naturais e cachoeiras. Tudo isso faz parte dos roteiros que, até pouco tempo, eram exclusividade de mochileiros e aventureiros, justamente pelas dificuldades impostas e o vigor físico exigido. Hoje, embora as trilhas continuem difíceis – os mesmos longos caminhos deixados pelos garimpeiros, aliás, por entre rochas escarpadas e com degraus às vezes afastados e escorregadios – surgiram os pacotes turísticos voltados às famílias, incluindo passeios com vans e hospedagem em bons hotéis e pousadas.
Ex-garimpeiros agora guiam turistas nos caminhos que foram usados para a exploração do diamante. O passeio será certamente inesquecível, mas é recomendável que as famílias se preparem um pouco antes de encarar a viagem. Pessoas totalmente sedentárias terão dificuldades nas subidas e descidas das trilhas, e o mesmo vale para crianças muito pequenas e pessoas idosas. Claro que, diante do conforto dos hotéis e pousadas, passeios curtos pelas cidades da Chapada, como Lençóis (a “capital” da região) e Mucugê, a impressionante formação geológica e o clima privilegiado – lá, a 1.000 metros de altitude, faz frio – serão suficientes para renovar as energias dos visitantes menos preparados fisicamente.
Outra coisa: com rede bancaria restrita a agências do Banco do Basil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, o turista precisa levar mais dinheiro em espécie. Não existe caixa do Banco 24 Horas, que permita saques nos principais bancos. Apesar da maioria das lojas, bares, restaurantes e hotéis aceitarem pagamentos com cartão de débito, aquele dinheiro vivo para despesas emergenciais pode faltar.
Lençóis
Com pouco mais de 11 mil habitantes e centro urbano da Chapada, Lençóis foi fundada por volta de 1845, quando o diamante rolava junto com as pedras dos rios. Foi elevado à categoria de município em 1864, mostrando tal opulência que por pouco não se transformou na capital baiana. A descoberta de minas fartas na África do Sul, porém, tornou o diamante baiano desinteressante. A região sobreviveu graças à descoberta do diamante carbonato, mais escuro e sem valor para joias, usado na indústria, principalmente na ponta de brocas e perfuratrizes de obras subterrâneas. O garimpo da Chapada entrou definitivamente em decadência, e muita gente foi embora da região. Após a extração com uso de dragas, foi finalmente proibido em 1991.
Mucugê
Em pleno interior baiano, as pessoas vestem casacos e gorros e uma feira livre vende roupas grossas e bebidas quentes. Em Mucugê, a mais de 1.000 metros de altitude, a temperatura média não passa de 19ºC e as mínimas no inverno registram até 6ºC. É tão frio que os agricultores produzem frutas típicas de clima temperado, como pêssego, ameixa e maçã. A cidade, no sul da Chapada Diamantina, foi ponto de partida do garimpo de diamantes na região. Mais da metade de seu território fica dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Uma das curiosidades da cidade é um cemitério tombado pelo patrimônio histórico nacional, com túmulos, construídos em 1855, no estilo bizantino.
Em agosto tem música no santuário
Criado há três anos, o Festival de Inverno de Lençóis, na Chapada Diamantina, chega à quarta edição pronto para receber seis mil turistas. O evento musical, que acontece nos dias 30 e 31 de agosto e 1.º de setembro, já lançou nomes de peso como a cantora Ana Carolina, e mantém a proposta de levar artistas de projeção nacional, local e regional para apresentações abertas ao público na praça principal da cidade, com três shows a cada noite. A rede hoteleira, incluindo dezenas de pousadas e campings, absorve tranquilamente os turistas “extras”.
O festival também dá continuidade a outro propósito de seus criadores: chamar a atenção para a preservação da exuberante natureza local, para a educação ambiental e para o desenvolvimento de um turismo específico e planejado. A Chapada Diamantina é nascedouro de 90% dos rios da Bahia e um dos mais belos santuários ecológicos do Brasil.
Esta notícia foi publicada em 07/07/2011 do sítio Gazeta do Povo . Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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