Disciplina - Geografia

Geografia

26/06/2010

Viagem no tempo em Paraty

Da época em que a cidade era a Vila Nossa Senhora dos Re­­médios; passando pelos mo­­ mentos de prosperidade e ostracismo, entre os ciclos do ouro e café; muita coisa mudou na atual Paraty. Mas mudou na medida certa, sem perder o charme e, acima de tudo, sem ficar com aquele ar artificial que outros destinos históricos do país ganham depois de questionáveis “revitalizações”. Boa parte do casario histórico data do período em que o local funcionou como porto de envio do ouro de Minas Gerais para Portugal. Nas fachadas de muitos sobrados, é possível, observar os símbolos da maçonaria, irmandade que comandou a cidade durante o primeiro ciclo de prosperidade. O sucesso de Paraty é fruto, principalmente, da paixão de seus moradores por manter o clima acolhedor da cidade, sem ser piegas. As casas preservadas do miolo histórico, todas brancas com detalhes coloridos, hoje reúnem artistas, artesãos, chefs e intelectuais e revelam ambientes convidativos. Se, numa porta, as telas e esculturas da mexicana Patrícia Sada encantam pelo toque pessoal; na outra, os barquinhos em madeira-balsa do Ateliê da Terra exaltam motivos locais. Mais adiante, é possível saborear um delicioso capuccino ou expresso entre as centenas de títulos da Livraria de Paraty, comandada pela simpática Norma Reis. Mas esse lado sofisticado de Paraty, não sepultou antigos charmes dos tempos de vila esquecida. As ruas do centro histórico – fechadas ao trânsito de automóveis – continuam a receber poetas declamando seus versos; charretes, que realizam passeios pelos principais pontos da cidade; e carrinhos de doces paratienses, como os deliciosos manuê de bacia (feito de melaço) e cocadas. Quando o sol começa a ser pôr, é que a cidade realmente esquenta. O centrinho lota e muitos visitantes ficam “saltitando” pelas pedras pé de moleque, isso, é claro, quando as ruas não foram invadidas pelas águas do mar, em dias de maré alta – uma marca registrada de Paraty. Moradores, artistas, turistas, todos percorrem as ruelas entrando e saindo de cafés, lojas e ateliês. Depois do jantar, ainda é possível fazer compras, já que muitos estabelecimentos ficam abertos até meia noite. Nos bares, como o Paraty 33, sempre há bandas ou músicos enchendo a noite de bossa nova, samba de raiz ou rock-n´-roll de primeira. Paraty, realmente, soube como se reinventar.
Fonte:  Gazeta do Povo
Publicado em 10/06/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor do texto.
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