Disciplina - Geografia

Geografia

07/06/2010

Dia do Ambiente: 'Pegada ecológica' calcula consumo de recursos naturais

Essa é a mensagem central do conceito de pegada ecológica, criado para estimar, com números, o quanto o padrão de vida moderno se tornou insustentável diante das possibilidades finitas que o planeta tem de fornecer água, alimentos e energia. Além de permitir uma visão global da "conta-corrente" da espécie humana, a pegada ecológica também aponta o que cada pessoa deve fazer para que seu próprio nível de consumo se torne mais compatível com o que o solo, os rios e o oceano realmente conseguem produzir. Embora envolva uma série de incertezas e pressuposições, o índice dá pistas importantes sobre o que é preciso mudar. E mostra que não há soluções fáceis ou de curto prazo, por mais que algumas atitudes individuais tenham impacto positivo.
TERMÔMETRO DIDÁTICO
"A grande vantagem da pegada ecológica é o poder didático que ela tem", afirma Alexandre Maduro-Abreu, doutor em desenvolvimento sustentável pela UnB (Universidade de Brasília). "Não se trata de uma medida exata, mas de uma espécie de termômetro, que nos ajuda a ter uma ideia da gravidade da situação", compara o biólogo Samuel Barreto, coordenador do programa Água para a Vida da ONG ambientalista WWF-Brasil. Em vez de graus Celsius, contudo, esse termômetro usa uma medida em hectares, correspondente à fatia da superfície terrestre, incluindo solo e mares, que uma pessoa utiliza para sustentar seu padrão de vida. Por isso mesmo, a conta precisa embutir a área usada para produzir os vegetais e a carne devorados por essa pessoa, bem como os trechos de oceano onde são pescados os peixes que ela come. Calcula-se ainda a área de florestas e outros tipos de vegetação responsáveis por absorver os gases do efeito estufa produzidos por esse indivíduo - afinal, sem essa absorção, a temperatura da Terra se eleva, bagunçando parâmetros essenciais, como a produtividade agrícola.
SINAL AMARELO
O resultado dessa multidão de contas é que leva os pesquisadores a adotar a metáfora do cheque especial. Isso porque existe, por exemplo, um limite para a recuperação da fertilidade do solo após seu uso para a agricultura, ou para a taxa de reprodução e crescimento dos atuns depois que os cardumes deles são pescados. Se tais limites são ultrapassados, vem o sinal amarelo. Nesses casos, a longo prazo a situação é insustentável, porque os estoques naturais não conseguem se recuperar - tal como os juros que corroem cada vez mais o limite de uma conta bancária. Uma forma de indicar esse uso dos "juros" é torná-lo equivalente ao número de "Terras" que a pessoa teria de usar para se sustentar. O padrão de vida de europeus e americanos exige, por exemplo, entre 3,5 e 5 "Terras". "Pensando com base na pegada ecológica, o que a gente quer evitar é justamente a escassez de recursos que acompanha esse tipo de cenário e os conflitos que podem vir dela", diz Barreto.
Fonte: Folha OnLine
Publicado em 05/06/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor do texto.
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