Disciplina - Geografia

Geografia

27/01/2010

Presidente do Banco da Venezuela renuncia; protestos continuam no país

As baixas no governo acontecem em meio a problemas econômicos e sociais, e no momento em que acontecem manifestações favoráveis e contrárias à pressão do governo sobre canais de TV a cabo por desobedecerem ordem do governo para transmitirem conteúdo público, incluindo discursos do presidente Hugo Chávez. Vázquez Orellana também era ministro da Banca Pública, uma pasta criada no ano passado em meio ao esforço de Chávez para ampliar a presença estatal no setor bancário venezuelano, dominado por bancos privados. Durante uma "reunião com seu pessoal de confiança" do banco, Vázquez Orellana anunciou sua saída do cargo, que exercia desde julho passado, informou o jornal "El Nacional", de Caracas, em seu site. Segundo o jornal, a renúncia teria ocorrido nesta terça-feira, mas outros meios de comunicação especulavam desde esta segunda-feira que a renúncia já tinha sido decidida. As mesmas fontes jornalísticas acrescentaram que Vázquez Orellana é homem de confiança de Ramón Carrizález, que renunciou ontem aos cargos de vice-presidente e ministro da Defesa da Venezuela. Segundo o jornal de Caracas, a saída de Vázquez teria sido impulsionada por suas supostas "diferenças" com o ministro do Planejamento e Finanças, Jorge Giordani. Giordani teria pedido ao ex-ministro das Finanças e atual representante da Venezuela no Banco Mundial, José Rojas, para assumir a Presidência do Banco da Venezuela, informou o "El Nacional". O governo venezuelano confirmou nesta segunda-feira a renúncia de Carrizález, um dos homens mais próximos ao presidente Chávez, por razões "estritamente pessoais". Pelos mesmos motivos "estritamente pessoais", também renunciou Yuribí Ortega, ministra do Meio Ambiente e esposa de Carrizález, segundo a imprensa local. Terceiro maior banco do país, o Banco da Venezuela pertencia ao grupo espanhol Santander e foi nacionalizado pelo governo no ano passado.
Protestos
Em meio a um racionamento de energia e a problemas econômicos que levaram à desvalorização da moeda venezuelana neste mês, a polêmica gerada pela suspensão das operações da emissora privada "Radio Caracas Televisión Internacional" (RCTVI) continuou nesta terça-feira com manifestações de apoiadores e opositores do governo, depois que protestos similares nesta segunda-feira terminaram com a morte de duas pessoas e deixaram pelo menos oito feridos em uma cidade do leste do país. Em Mérida, no oeste da Venezuela, um adolescente de 15 anos e um estudante de 28 morreram a tiros durante protestos provocados pela retirada do ar da "RCTVI", acostumada a fazer críticas pesadas ao governo Chávez. Nesses incidentes, também ficaram feridos 22 policiais, disse nesta terça o governador da província, Marcos Díaz. O político governista atribuiu a morte dos dois jovens a um suposto "plano da oposição" para desestabilizar o país e "recriar" as circunstâncias que antecederam o golpe de Estado que, em abril de 2002, derrubou Chávez por algumas dezenas de horas. Nesta terça, as manifestações contra a suspensão das operações da "RCTVI" aconteceram na Universidade Santa Maria, na cidade de Barcelona. Segundo a imprensa local, os protestos terminaram com sete estudantes e um policial feridos. Já em Caracas, grupos de estudantes opositores se reuniram em frente à sede da TV estatal para protestar contra o "discurso violento" e excludente da emissora. Durante a manifestação, cinco estudantes adentraram as instalações da "Venezolana de Televisión " ("VTV") e se reuniram com seus diretores, em clima de cordialidade e respeito, declarou o líder da Universidade Central da Venezuela (UCV), Roderick Navarro. "Esperamos que esta atitude que a 'VTV' teve, de receber e ouvir as reivindicações de setores da oposição seja a mesma em todos os órgãos do Estado", disse, por sua vez, Darío Ramírez, líder estudantil da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB). O ministro de Obras Públicas e diretor da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), Diosdado Cabello, foi outro que, nesta terça-feira, disse que os protestos estudantis são parte de um plano para desestabilizar o país e "tirar Chávez" do poder. "Estamos aplicando a lei", acrescentou Cabello aos parlamentares da Assembleia Nacional, dominada pelo Governo e diante da qual o ministro defendeu a suspensão "temporária" da programação da "RCTVI" e dos canais "American Network", "America TV", "Momentum", "Ritmo São" e "TV Chile". A retirada dessas emissoras do ar, segundo declarações feitas por Chávez em um ato oficial, atende a uma determinação da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), que, em dezembro, pediu uma série de documentos às redes de TV que transmitem por sistemas privados. O objetivo da medida era determinar se esses veículos eram nacionais - com 70% ou mais da produção feita no país e obrigados por lei a transmitir discursos do presidente - ou internacionais. Aquelas emissoras que não apresentaram os documentos exigidos, de acordo com o Governo, foram automaticamente consideradas nacionais pela Conatel, entre elas a "RCTVI", que, apesar da mudança na classificação, continuou sem transmitir os discursos de Chávez.No entanto, o assessor jurídico da emissora disse que a programação da rede "é 71% estrangeira e 29% nacional", por isso deveria ser considerada uma "produtora internacional", de acordo com a edição de hoje do jornal "El Universal".Quintana também disse à publicação que a classificação da "RCTVI" como produtora nacional afetaria de forma vital a sobrevivência do canal, já que a lei vigente impede "inserções publicitárias" durante a transmissão dos programas."A única opção" viável para a "RCTVI" "é o respeito à Constituição e que nos permitam atuar como canal internacional, que é o que somos", acrescentou Quintana.
Fonte: Folha Online
Acessado em 26/01/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor do texto.
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