Disciplina - Geografia

Geografia

19/11/2009

Baby boom europeu

Pesquisadores da Univer­­sidade da Pensilvânia provaram que, acima do índice de desenvolvimento humano (IDH) 0,86 (o Brasil tem 0,81), existe uma inversão no declínio de na­­ta­­lidade que até agora era associado aos países ri­­cos. A teoria é respalda­­da pela multiplicação de “barrigões” em diversos países europeus, que, de 2000 para 2007, elevaram suas taxas de natalidade: No­­ruega (IDH 0,97 e alta de 1,85 filho por mulher para 1,90), Dinamarca (IDH 0,95 e alta de 1,78 para 1,84), Espanha (IDH 0,95 e alta de 1,23 para 1,40), para citar alguns exemplos. Estados Unidos, Israel e Nova Zelândia também comprovaram o pa­­drão. Apesar da crise econômica iniciada em 2007, os berçários de países co­­mo Irlanda, França e Islândia se en­­cheram. Na França, a alta de 1,2% na na­­talidade em 2008 foi explicada pelo retorno a valores familiares, de acordo com o instituto EurActiv. O norte da Europa marcha mais rapidamente para os desejados dois bebês por família, enquanto o sul tem menos de 1,5 filho por mulher. Mesmo assim, países como a Itália passaram de 1,26 para 1,30 filho por mulher entre 2000 e 2007. São bebês “escondidos” em vilas como Monteveglio, na província de Bolonha, onde Mara Mengoli vive com o marido e quatro filhos. Lá, outras dez famílias têm quatro ou cinco crianças. “Não sei o que acontece aqui. Se você for a Bazzano (a cinco minutos de carro), isso não existe”, conta. A alemã Katrin Marquardt também acredita que em seu país o “baby boom” esteja nas cidades pequenas. Os filhos Justus e Jonas tinham 4 e 2 anos quando ela engravidou de Lilith, em plena recessão. “Nem pensamos na crise, meu marido tem um bom emprego”, diz. A Ale­­manha é a “menos fértil” no norte europeu, com 1,3 filho por mulher. Grávida de sete meses do quarto filho, a sueca Raqel Hugosson lembra que, já quando esperava a primeira filha, há oito anos, as parteiras falavam em um baby boom em Örebro, a 200 quilômetros de Estocolmo. O país ainda não alcançou a taxa de reposição da população (2,1 filhos por mulher), mas, em 2007, já beirava 1,9, de acordo com o EuroStat, agência de estatísticas da União Europeia. Na Suécia, famílias como a de Raqel forçam a estatística para cima. Na igreja que ela frequenta, não é incomum ter quatro ou cinco filhos. Se a motivação dela vem do valor cristão de vida em família, para outros a razão é puramente financeira. “Num país como a Suécia, onde temos o sistema social que temos, pessoas que não trabalham muitas vezes têm crianças e ganham para isso”, explica. A alta de 3,5% na taxa de natalidade islandesa de janeiro a agosto deste ano teria sido estimulada por pessoas que buscam um ganho extra, quem diria, aumentando a família, de acordo com o EurActiv. Mas mesmo quem trabalha é muito bem assistido quando engravida. Raqel, que está empregada, receberá 80% do salário nos primeiros 18 meses de vida do filho que nasce em janeiro. Até agora, o governo sueco pagou esse valor para ela cuidar de Harry, de um ano e seis meses. São 2 mil euros, parte desse valor correspondente a um bônus por não usar a creche de sua região. Tudo indica que a pesquisa da Pensilvânia esteja certa, já que mesmo países não tão generosos com as mães passam por um novo “baby boom”. Na Bélgica, a taxa de natalidade passou de 1,65 filho por mulher em 2007 para 1,71 em 2008. Número abastecido por pessoas como a fisioterapeuta belga Ca­­thérine Phillippe. Ela já tinha Hugo, com 3 anos, quando soube que estava grávida de gêmeos. Decidiu então nem procurar o ensino infantil, que é muito caro, e optou pela babá Elisângela, brasileira. “Só recebe ajuda do governo quem tem trigêmeos”, conta Cathérine.
Bebês estatais
Quanto mais rico o país, mais agressivas as políticas governamentais de incentivo à natalidade. A Comissão Europeia estimula os 27 países do bloco até mesmo a adotar medidas que diminuam as diferenças entre homem e mulher no mercado de trabalho e facilitem conciliar a maternidade à criação de filhos, com investimentos no bem-estar do cidadão. Conforme um responsável por demografia na Comissão, “se a taxa de nascimentos subir um pouco, isso reduzirá o desafio do envelhecimento da população. Ainda que não o interrompa, tornará o choque da transição mais fácil”, diz. A transição a que ele se refere é a entrada dos legítimos “baby boomers” – aquela multidão nascida no pós-guerra, hoje com mais de 60 anos – na aposentadoria, quando haverá menos pessoas economicamente ativas para pagar as aposentadorias dos mais velhos.
Fonte: http://portal.rpc.com.br -  15/11/2009
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