Disciplina - Geografia

Geografia

02/09/2009

Socorro, minha cidade encolheu

Altamira do Paraná, Santa Tereza do Oeste, Porto Barreiro, Matinhos e Santo Antônio do Paraíso lideram o ranking das cidades com maior fuga populacional (ver infográfico). Por outro lado, Diamante do Oeste, Tunas do Paraná, Nova Tebas, Teixeira Soares e Iretama apresentaram o maior aumento populacional no mesmo período. Basicamente um mesmo – e único – motivo move os fluxos migratórios brasileiros: a busca por empregos e, por consequência, melhores condições de vida. Em Altamira do Paraná, por exemplo, a evasão ocorreu em função das limitações agrícolas. “Nosso solo é muito montanhoso e quebrado. E, com a erosão, a produção não é suficiente para se manter, caindo ano após ano”, afirma o chefe do Departamento de Edu­ca­ção do município, Lecir dos San­tos. “Percebe-se claramente que o pessoal da região rural foi embora. Na cidade, por enquanto, as pessoas ficam”, acrescenta.
FPM é salvação de um terço das cidades do PR
Uma lógica bastante simples explica os recursos destinados a cada cidade pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Quanto maior a população, maior será o recurso oferecido. E o contrário, para desespero dos administradores, também é verdadeiro: se o número de habitantes cai, menor será a verba. “Esse recurso é de fundamental importância para as cidades, porque 70% delas dependem do FPM. Por esse motivo, existe a necessidade de contagem clara da população das cidades”, analisa o presidente da Associação dos Municípios do Paraná e prefeito de Castro, Moacyr Fadel.
Saturada, área metropolitana perde atrativo
Sete das 26 cidades da região metropolitana de Curitiba registraram fuga de habitantes nos últimos cinco anos: Almirante Tamandaré, Campo Magro, Doutor Ulysses, Fazenda Rio Grande, Itaperuçu, Lapa e Piraquara. Apesar de a região, incluindo a capital, ter ultrapassado 3,3 milhões de pessoas, essas quedas são os primeiros sinais de saturação. “Com o enfraquecimento do interior, a população migrou para a região metropolitana. Ela cresceu em importância e passou a sediar indústrias, como as automotivas”, explica Belmiro Valverde Jobim Castor, Ph.D em Administração Pública. Dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), entre os anos de 2000 e 2007, comprovam a observação de Santos. A queda efetivamente foi maior na área rural. Cálculos demográficos mostram a fuga de 8,5% da população por ano na área rural de Altamira do Paraná. Na região urbana, a taxa é elevada, porém menor: 3,4% ao ano. “Por ser menor do que a rural, a diminuição na cidade não se torna visível”, esclarece Marley Deschamps, pesquisadora do Ipardes. Tunas do Paraná está do outro lado da moeda. Sua população cresceu 41% em cinco anos. Além da colocação de asfalto na BR-476, o aumento de indústrias foi o motivo para a atração populacional. Ex-prefeito e chefe de Ga­­binete do atual, Ademar Cor­­deiro explica que em 2004 e 2005 houve explosão demográfica no mu­­nicípio. “A cidade se industrializou em dois anos. Ago­­ra, deu uma paradinha por causa da crise mundial”, diz. “As indústrias da madeira precisavam de mão de obra, que foi suprida com a população de outras cidades. Até a demanda imobiliária cresceu muito”, afirma. Não só demograficamente Tunas evoluiu, os indicadores econômicos e sociais registraram aumento, conforme o Ipardes. Antes ponto de fuga, Tunas se tornou destino por oferecer expectativa de sobrevivência às pessoas. Marley explica que há tendência de busca por cidades mais urbanizadas ou regiões próximas a esses pontos. As vantagens da vida urbana, porém, desaparecem na mesma proporção em que as vagas de emprego se preenchem. “Boa parte das pessoas ficaria em seu município se tivesse condições para isso. E as regiões muito urbanizadas apresentam sinais de saturação”, afirma a pesquisadora. De acordo com Belmiro Val­ver­­de Jobim Castor, Ph.D em Administração Pública, outro fator relevante é que as grandes variações ocorreram em cidades com populações absolutas pe­­quenas. Como não apresentam fartas opções de emprego para manutenção da vida no local, estão mais vulneráveis ao au­­mento ou perda populacional. “Essas cidades podem ter uma safra frustrada e perder mui­­tos habitantes. Assim como po­­de aumentar a oferta de empregos e trazer novas pessoas”, explica. “É mais fácil variar 30% ou 40% em uma cidade com esse índice de habitantes do que conseguir mudança de 5% em Curitiba, por exemplo”. Em razão da fragilidade, há a tendência de que cidades com baixo poder de atração continuem a perder população. “Elas não têm o mesmo dinamismo. Com a diminuição no número de habitantes, recebem menos dinheiro e perdem os atrativos. É um círculo vicioso. E, com isso, a agricultura ou outro ponte forte da economia declina, e as famílias são obrigadas a buscar outras alternativas”, avalia Jobim Castor.
Fonte: http://portal.rpc.com.br (adaptado)
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