Disciplina - Geografia

Geografia

01/05/2009

Impacto (não) fulminante

Segundo um novo estudo, o impacto que formou a cratera de Chicxulub, no México, com 180 quilômetros de diâmetro, não levou à extinção em massa no fim do período Cretáceo, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de animais e plantas. Em artigo publicado na edição desta segunda (27/4) do Journal of the Geological Society, um grupo internacional de pesquisadores descreve que a queda do asteroide teria ocorrido pelo menos 300 mil anos antes da extinção. O estudo, feito a partir de análises em cortes de sedimentos rochosos, foi coordenado por uma das principais opositoras da teoria de que a extinção teria sido provocada pelo impacto, Gerta Keller, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos. “Keller e colegas continuam a reunir informações estratigráficas [ramo da geologia que estuda a sucessão das camadas ou estratos que aparecem em um corte geológico] detalhadas que confirmam uma nova compreensão a respeito do impacto de Chicxulub e a extinção no fim do Cretáceo. Os dois eventos podem não ter qualquer relação”, disse Richard Lane, diretor da Divisão de Ciências da Terra da National Science Foundation (NSF), que apoiou o estudo. “Verificamos que entre 4 e 9 metros de sedimentos foram depositados a cerca de 2 ou 3 centímetros a cada mil anos após o impacto. O nível da extinção em massa pode ser observado em sedimentos bem acima desse intervalo”, disse Gerta. Defensores da teoria de Chicxulub apontam que a cratera e o evento de extinção aparecem distantes no registro sedimentar por conta de distúrbios provocados pelo terremoto ou por um tsunami resultante do impacto do asteroide. “O problema com essa ideia é que o complexo de arenito não foi depositado por horas e dias, como seria o caso em um tsunami, mas sim por um período muito longo”, disse Keller. O estudo verificou que os sedimentos que separam os dois eventos são característicos de sedimentação normal, sem evidência de distúrbios estruturais. Os cientistas também encontraram evidências de que o impacto de Chicxulub não teve o efeito dramático na diversidade de espécies tal qual se estimava. Em escavação na região de El Penon, o grupo encontrou registros de 52 espécies em sedimentos abaixo da camada do período do impacto e as mesmas 52 em sedimentos acima, ou mais recentes. “Não encontramos sinal de uma única espécie que foi extinta como resultado do impacto de Chicxulub”, afirmou Gerta. A pesquisadora sugere que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia. Os eventos teriam liberado enormes quantidades de gases e poeira que poderiam ter bloqueado grande parte da luz solar e causado efeito estufa de grande dimensão.
O artigo de Gerta Keller e outros pode ser lido por assinantes do Journal of the Geological Society em http://jgs.geoscienceworld.org.
Fonte:http://www.agencia.fapesp.br/materia/10408/divulgacao-cientifica/impacto-nao-fulminante.htm
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