Disciplina - Geografia

Geografia

10/04/2009

Unicef quer melhorar a vida em favelas

Barro Vermelho – favela plana no Complexo da Urucânia, bolsão de miséria em Santa Cruz, na zona oeste do Rio – não aparece nas estatísticas oficiais. Fica a 53 quilômetros do centro. Tem cerca de 4,5 mil moradores, com renda familiar mensal em torno de R$ 400, vivendo em uma área cortada por um valão de esgoto de quase um quilômetro. Os números são estimativas do líder local, Eduardo Tavares, 39 anos, há 11 vivendo em um “puxadinho” em cima da casa de três cômodos da mãe. A área é dominada por milícia. Há uma creche, com lista de espera de 500 crianças, e nenhuma ONG atua no local. “Morar numa favela da zona oeste é completamente diferente de morar numa favela da zona sul”, afirma Luciana Phebo, coordenadora do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância. “Na zona oeste, as políticas públicas não chegam.” Ela fala com autoridade de quem passou 2008 percorrendo comunidades e conversando com moradores. A peregrinação foi o primeiro passo para montar um ambicioso projeto – a Plataforma de Centros Urbanos, que além do Rio vai beneficiar comunidades em São Paulo e Itaquaquecetuba (SP). O Unicef não vai dar dinheiro para ONGs das 84 favelas inscritas no programa que selecionará dez. Vai estimular a organização dos moradores para que elaborem uma pauta de reivindicações a ser discutida com o poder público. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o do Rio, Eduardo Paes (PMDB), assinaram carta se comprometendo a “priorizar políticas públicas que reduzam as iniquidades e garantam os direitos de cada criança e adolescente das diversas regiões do município, com o firme propósito de alcançar as metas”. Entre as 20 metas listadas estão reduzir homicídios entre adolescentes negros, aumentar vagas em creches e reduzir o número de adolescentes em conflito com a lei. O Unicef e o Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, vão ajudar moradores a fazerem pesquisas para levantar indicadores sociais. Em 2011, o levantamento se repete. O resultado será divulgado no último ano dos mandatos de Kassab e Paes. “Ajudamos a mobilizar os moradores, fazemos a articulação política com os gestores, mas a execução das políticas não é da nossa competência”, diz Luciana. “Os prefeitos assinaram o compromisso. Isso é um fato político que abre portas.” A seleção das comunidades passa por critérios definidos pelo escritório da ONU, o Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), no Rio, e o Instituto Sou da Paz, em São Paulo. O fundamental é que cada comunidade forme um grupo articulador, com adultos, adolescentes e representantes do poder público e ONGs. “Queremos reunir dez comunidades, num território de 5 mil famílias em cada uma, abrangendo áreas bem diferentes e com perfis distintos. Uma favela em evidência, outra desconhecida. Algumas dominadas por tráfico, outras por milícias Uma que esteja no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), outras não”, explica Luciana. A lista final sai neste mês.

Fonte: http://portal.rpc.com.br
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