Geografia
09/06/2008
O ar condicionado das cidades
(...) ela certamente teria mais condições (e recursos) para preservar os seus 97.596 quilômetros quadrados restantes de vegetação original. Em troca, a mata seguiria oferecendo os seus valiosos préstimos: abastecimento de água, contenção de encostas, regulagem do clima e fertilidade do solo.
— Milhões de pessoas que moram nos domínios da Mata Atlântica usufruem desses benefícios sem perceber que o que restou da mata é o responsável por isso — diz Carlos Joly, mentor e coordenador do Programa Biota/Fapesp, de mapeamento e uso sustentável da biodiversidade. — A floresta mantém funções que são vitais para nós.
— A base da economia brasileira está em torno da Mata Atlântica — ressalta Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. — Por tudo o que nos oferece, por esses serviços ambientais insubstituíveis, ela deveria receber mais atenção e investimentos.
Grandes cidades brasileiras — como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba — têm o fornecimento de água mantido pelos rios que nascem nos remanescentes da floresta, como o Paraíba do Sul, o Tietê, o Doce e o Paraná.
— Sem a Mata Atlântica não há água no Sudeste — resume José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente da Conservação Internacional para a América Latina. — A região não teria água para abastecimento e energia, se não fosse a Mata Atlântica. Afinal, as florestas são fábricas de água.
Como lembra Clayton Lino, a floresta não é só importante para abastecer as cidades de água, mas também para manter a regularidade da sua distribuição. — A regularidade da vazão é muito importante. Não adianta ter muita água num período e seca em outro. Isso gera desequilíbrio. Grande parte do Nordeste tem rios secos durante a seca e depois enchentes violentas nos períodos de chuva.
Manter a regularidade da vazão dos rios significa também atenuar as enchentes, permitindo que após as chuva sas águas escoemgradualmente . Para isso, claro, a floresta precisa estar de pé.
— A presença da floresta é literalmente o que mantém o sistema estável — assegura o botânico Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). — No Rio, isso às vezes é mais óbvio, pois o relevo da cidade é montanhoso. As raízes das árvores evitam o deslizamento das encostas. Sem as florestas, as chuvas torrenciais de verão provavelmente levariam ao soterramento de várias das regiões mais baixas da cidade.
Clayton Lino cita um exemplo que observa quase diariamente para mostrar como a Mata Atlântica atua no clima. — A sede da Reserva da Biosfera fica na Serra da Cantareira (SP), que além de ser uma serra, é uma área coberta por uma floresta com oito mil hectares. Entre a parte central da cidade de São Paulo e a serra, num mesmo dia, na mesma hora, você pode observar diferenças na temperatura de até dez graus Celsius. Então, a gente aqui vivencia todo o dia a influência da floresta na questão climática. Qualquer morador do Rio de Janeiro pode verificar isso também, basta subir a Floresta da Tijuca para ver a diferença.
Segundo Lino, a Mata Atlântica atua como se fosse “um ar condicionado muito sofisticado”, respondendo pelo equilíbrio climático das áreas urbanas ao seu redor. — A floresta permite um fluxo do ponto de vista climático, que torna as temperaturas mais regulares, menos contrastantes. Nem quente demais, nem frio.
demais. Isso vale para toda a região Sudeste, onde a floresta tem um peso fundamental para praticamente todas as cidades. Carlos Joly ressalta, porém, que sabemos mais sobre a influência da Floresta Amazônia no clima do que a da Mata Atlântica. — Todos os recursos aportados na Amazônia, inclusive os que vêm da.
Europa, Estados Unidos etc, permitem entender sua importância na regulagem do clima no Brasil e no mundo — explica ele. — Mas na Mata Atlântica ainda não temos esse tipo de estrutura. Mesmo assim, sabemos que ela é fundamental para manutenção do clima em cidades como Rio e São Paulo, já que a floresta retém umidade.
O Globo de 05/06/2008
Editoria: CAÁ-ETÊ - Suplemento Especial Meio Ambi
Fonte:http://bvs.fapesp.br/namidia/?act=view&id=23973
Fonte imagem: http://www.rbma.org.br/anuario/images/mapa_dma_rem.jpg
— Milhões de pessoas que moram nos domínios da Mata Atlântica usufruem desses benefícios sem perceber que o que restou da mata é o responsável por isso — diz Carlos Joly, mentor e coordenador do Programa Biota/Fapesp, de mapeamento e uso sustentável da biodiversidade. — A floresta mantém funções que são vitais para nós.
— A base da economia brasileira está em torno da Mata Atlântica — ressalta Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. — Por tudo o que nos oferece, por esses serviços ambientais insubstituíveis, ela deveria receber mais atenção e investimentos.
Grandes cidades brasileiras — como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba — têm o fornecimento de água mantido pelos rios que nascem nos remanescentes da floresta, como o Paraíba do Sul, o Tietê, o Doce e o Paraná.
— Sem a Mata Atlântica não há água no Sudeste — resume José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente da Conservação Internacional para a América Latina. — A região não teria água para abastecimento e energia, se não fosse a Mata Atlântica. Afinal, as florestas são fábricas de água.
Como lembra Clayton Lino, a floresta não é só importante para abastecer as cidades de água, mas também para manter a regularidade da sua distribuição. — A regularidade da vazão é muito importante. Não adianta ter muita água num período e seca em outro. Isso gera desequilíbrio. Grande parte do Nordeste tem rios secos durante a seca e depois enchentes violentas nos períodos de chuva.
Manter a regularidade da vazão dos rios significa também atenuar as enchentes, permitindo que após as chuva sas águas escoemgradualmente . Para isso, claro, a floresta precisa estar de pé.
— A presença da floresta é literalmente o que mantém o sistema estável — assegura o botânico Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). — No Rio, isso às vezes é mais óbvio, pois o relevo da cidade é montanhoso. As raízes das árvores evitam o deslizamento das encostas. Sem as florestas, as chuvas torrenciais de verão provavelmente levariam ao soterramento de várias das regiões mais baixas da cidade.
Clayton Lino cita um exemplo que observa quase diariamente para mostrar como a Mata Atlântica atua no clima. — A sede da Reserva da Biosfera fica na Serra da Cantareira (SP), que além de ser uma serra, é uma área coberta por uma floresta com oito mil hectares. Entre a parte central da cidade de São Paulo e a serra, num mesmo dia, na mesma hora, você pode observar diferenças na temperatura de até dez graus Celsius. Então, a gente aqui vivencia todo o dia a influência da floresta na questão climática. Qualquer morador do Rio de Janeiro pode verificar isso também, basta subir a Floresta da Tijuca para ver a diferença.
Segundo Lino, a Mata Atlântica atua como se fosse “um ar condicionado muito sofisticado”, respondendo pelo equilíbrio climático das áreas urbanas ao seu redor. — A floresta permite um fluxo do ponto de vista climático, que torna as temperaturas mais regulares, menos contrastantes. Nem quente demais, nem frio.
demais. Isso vale para toda a região Sudeste, onde a floresta tem um peso fundamental para praticamente todas as cidades. Carlos Joly ressalta, porém, que sabemos mais sobre a influência da Floresta Amazônia no clima do que a da Mata Atlântica. — Todos os recursos aportados na Amazônia, inclusive os que vêm da.
Europa, Estados Unidos etc, permitem entender sua importância na regulagem do clima no Brasil e no mundo — explica ele. — Mas na Mata Atlântica ainda não temos esse tipo de estrutura. Mesmo assim, sabemos que ela é fundamental para manutenção do clima em cidades como Rio e São Paulo, já que a floresta retém umidade.
O Globo de 05/06/2008
Editoria: CAÁ-ETÊ - Suplemento Especial Meio Ambi
Fonte:http://bvs.fapesp.br/namidia/?act=view&id=23973
Fonte imagem: http://www.rbma.org.br/anuario/images/mapa_dma_rem.jpg
