Disciplina - Geografia

Geografia

18/03/2015

Ciclone Pam e mudanças climáticas

Mudança climática contribuiu para desastre, diz presidente de Vanuatu


Da France Presse

O presidente de Vanuatu, Baldwin Lonsdale, declarou nesta segunda-feira (16) que a mudança climática foi um fator-chave na devastação sofrida por esse país do Pacífico durante a passagem do super ciclone Pam.

Apenas na capital, Port Vila, Pam deixou seis mortos e 30 feridos, de acordo com balanço do governo. Voluntários das equipes de emergência consideram, porém, que isto representa apenas uma pequena fração das vítimas em todo o arquipélago, formado por quase 80 ilhas.

"A mudança climática está contribuindo para o desastre em Vanuatu", disse ele a uma emissora de televisão australiana, antes de embarcar do Japão rumo a Sydney.

O presidente Lonsdale descreveu a tempestade como "um monstro que devastou nosso país".
"A maioria dos prédios ficou destruída, muitas casas, escolas e centros médicos", disse o chefe de Estado à rede BBC, no Japão, onde participava justamente de uma conferência internacional sobre a prevenção de catástrofes naturais quando o ciclone passou pelo país.

Lonsdale pediu a ajuda da comunidade internacional.

Emergência
No domingo, as autoridades de Vanuatu declararam estado de emergência pelos estragos devastadores causados pelo ciclone Pam, um dos maiores desastres naturais da história na região do Pacífico Sul.

As linhas de comunicação permanecem cortadas na maior parte do arquipélago.

O governo tenta avaliar a real dimensão dos danos provocados pelo ciclone Pam, de categoria 5, a máxima, que devastou Vanuatu na sexta-feira à noite com rajadas de vento de até 320 km/h.

A ONU tem informações, ainda não confirmadas, de que 44 pessoas morreram em apenas uma província.

A ONG Oxfam informou que o ciclone afetou 90% das casas de Port Vila. O arquipélago tem população estimada em 275 mil habitantes.

"Esta pode ser uma das piores catástrofes já vistas no Pacífico. O alcance das necessidades humanitárias é enorme. Comunidades inteiras foram devastadas", disse o diretor da Oxfam para Vanuatu, Colin Collet van Rooyen.

O chefe de polícia do arquipélago, coronel Job Esau, explicou que impediu o acesso durante a noite a alguns bairros da capital, em particular os mais próximos do mar e dos centros comerciais, para evitar possíveis saques.

Dificuldades
As organizações humanitárias enfrentavam grandes dificuldades nesta segunda-feira para ajudar os habitantes de Vanuatu após a passagem devastadora do ciclone Pam, ao mesmo tempo que o presidente do arquipélago, Baldwin Lonsdale, fez um apelo à comunidade internacional para a reconstrução do país.

"As necessidades humanitárias são imediatas, precisamos agora", disse Baldwin à AFP antes de retorna ao país de Sendai (Japão), onde participava em uma reunião da ONU sobre a prevenção de catástrofes naturais.

"A longo prazo, necessitamos de apoio financeiro e ajuda para começar a reconstruir nossas infraestruturas. Temos que reconstruir todo", completou.

"Depois de todo o desenvolvimento que alcançamos nos últimos dois anos, vem este ciclone e destrói toda a infraestrutura que o governo construiu. Precisamos de financiamento internacional para reconstruir todas as infraestruturas", completou.

Solidariedade
O Papa Francisco enviou uma mensagem para a população do pequeno arquipélago ao fim da oração do Angelus no domingo.

"Quero expressar minha solidariedade com a população de Vanuatu, no Oceano Pacífico, afetada por um forte ciclone. Rezo pelos mortos, pelos feridos e pelas pessoas que ficaram nas ruas. Agradeço a todos os que reagiram imediatamente para socorrê-los", declarou o pontífice.

Os voluntários revelaram um panorama desolador de casas destruídas, árvores derrubadas e estradas bloqueadas. A porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Alice Clements, descreve a passagem do ciclone como "15 a 30 minutos de terror absoluto".

"As pessoas não têm água, ou energia elétrica. A situação é desesperadora. A população precisa de ajuda", pediu a porta-voz.

"As pessoas estão pegando frutas no chão e depois terão que recorrer a raízes. Em seguida, não restará mais comida", completou.

"Casas e vilarejos inteiros foram completamente varridos", relatou Chloe Morrison, porta-voz da ONG World Vision, que estava em Port Vila.

"Estas casas eram construções muito frágeis, que não tinham nenhuma possibilidade de resistir a um ciclone de categoria 5", explicou.

Medo das doenças
As associações de ajuda humanitária temem a falta de alimentos e os problemas de saúde, uma consequência das difíceis condições nos centros de ajuda aos desabrigados.

"Em vários centros de abrigo, mulheres e crianças estão jogados como sardinhas em lata. As questões de saúde e segurança serão primordiais nas próximas semanas", afirmou Nichola Krey, da Save the Children.

A ajuda internacional começa a chegar ao país. O aeroporto de Port Villa reabriu parcialmente, e os voos comerciais serão retomados na segunda-feira.

Um avião militar australiano conseguiu pousar no aeroporto da capital, com alimentos e remédios. Uma aeronave militar neozelandesa também transportou alimentos, e um aparelho francês, com material de ajuda, decolou de Nova Caledônia.

França, Austrália e Nova Zelândia estão coordenando a ajuda.

O Reino Unido prometeu uma ajuda de dois milhões de libras, e a União Europeia, de um milhão de euros. O governo dos Estados Unidos também se comprometeu com um auxílio a Vanuatu.

O ciclone Pam atravessou a principal ilha de Vanuatu, onde vivem mais de 65 mil pessoas, e um grupo de ilhas ao sul, que contam com 33 mil habitantes.

No arquipélago polinésio de Tuvalu, 1.500 km ao nordeste de Vanuatu, quase metade dos 11 mil habitantes foram afetados pelo ciclone, segundo o primeiro-ministro Enele Sopoaga.

Esta notícia foi publicada no site g1.globo.com em 16/03/2015. Todas as informações contidas são de responsabilidade do autor.
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