Reinhard Maack e o Caminho do Peabiru no Paraná
O Professor Reinhard Maack (1892–1969), naturalista alemão e explorador do território paranaense, elaborou um mapa em 1952, mostrando o Caminho do Peabiru. O mapa foi confeccionado com base nos manuscritos de um alemão, Ulrich Schimidel. A área abrangida no mapa representa o território paranaense, parte de São Paulo, Santa Catarina, Paraguai, Argentina e Bolívia, não apresentando limites políticos pré-estabelecidos e projeção cartográfica. Schmidel possui grande relevância nos estudos relacionados com o Caminho de Peabiru, pois ele o percorreu saindo de Nossa Senhora de Assunção (atual Assunção, capital do Paraguai), indo até São Vicente em São Paulo, e ainda, segundo ele, a travessia durou quase seis meses. Ulrich Schmidel não foi o primeiro europeu a percorrer o caminho de Peabiru, antes dele dois grandes nomes ficaram marcados por esta travessia: Aleixo Garcia e Don Álvar Nunez Cabeza de Vaca. No entanto, foi Schmidel quem o descreveu com maiores detalhes.O Caminho hoje está em sua maior parte descaracterizada pela atividade agrícola, como declara o Professor Igor Chmyz da Universidade Federal do Paraná (2007). Com a colonização do estado, já no decorrer do século XX, houve um intenso processo de desmatamento, exploração da madeira, da terra e de outros recursos naturais. Além disso, a construção de estradas, rodovias, cidades, entre outras coisas, acabaram colaborando para a desfiguração do caminho de Peabiru.
Um artigo sobre o "Geoprocessamento aplicado a estudos do Caminho de Peabiru", de Ana Paula Colavite e de Mirian Vizintim Fernandes Barros, reuniu o mapa de Maack sobre o caminho e a base do mapa político do estado do Paraná atualizada. Observando o mapa, a linha mais espessa representa, segundo Maack (1959), o ramal principal do caminho de Peabiru e as linhas de espessura mais fina representam os ramais secundários do caminho de Peabiru.
Mapa Político do Paraná com o Caminho de Peabiru. Adaptado de DNIT (2002) e Maack (2002). Organizado por Ana Paula Colavite
A rota principal deste caminho atravessa o Estado do Paraná no sentido leste-oeste, vindo de São Paulo, passando nos municípios de: Adrianópolis, Tunas do Paraná, Cerro Azul, Doutor Ulisses, Castro, Tibagi, Reserva, Cândido Abreu, Pitanga, Nova Tebas, Mato Rico, Roncador, Nova Cantu, Altamira do Paraná, Guaraniaçu, Campo Bonito, Braganey, Iguatu, Corbélia, Anahy, Aurora, Iracema do Oeste, Jesuítas, Assis Chateaubriand, Palotina e Terra Roxa, chegando às margens do Rio Paraná.
Além da rota principal, o caminho contava com rotas secundárias que atravessavam o estado no sentido norte-sul. Uma das rotas secundárias vinha de São Paulo, adentrando o Paraná, passando pelos municípios de: Salto do Itararé, Siqueira Campos, Venceslau Braz, Arapoti, Jaguariaiva, Piraí do Sul, Castro, Carambeí, Ponta Grossa, Palmeiras, Porto Amazonas, Balsa Nova, Campo Largo, Araucária, Curitiba, São José dos Pinhais, Morretes, Paranaguá, chegando ao oceano Atlântico. Próximo ao município de Castro, o ramal secundário atravessava o ramal principal.
Em Curitiba, outro ramal seguia sentido nordeste, passando por Colombo, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, onde se dividia, um ramal seguia para São Paulo e outro para o litoral, passando por Antonina, chegando ao Oceano Atlântico.
Em Araucária, um ramal secundário segue sentido Santa Catarina, passando pelos municípios de Contenda, Mandirituba, Tijucas do Sul e Agudos do Sul, adentrando o estado de Santa Catarina.
Outro ramal secundário tem início em São Paulo e atravessa o estado do Paraná, passando pelos municípios de Jardim Olinda, Paranapoema, Paranacity, Cruzeiro do Sul, Uniflor, Atalaia, Mandaguaçu, Maringá, Floresta, Itambé, Engenheiro Beltrão, Peabiru, Campo Mourão, Mamborê, Juranda, Boa Esperança, Rancho Alegre do Oeste, IV Centenário, Formosa do Oeste, Jesuítas, Assis Chateaubriand, Tupãssi, Toledo, Ouro Verde, São Pedro do Iguaçu, Vera Cruz do Oeste, Diamante do Oeste, Ramilândia, Matelândia, Medianeira, Jardinópolis, Capanema, Planalto, Pérola do Oeste, Pranchita, Santo Antônio do Sudoeste, Bom Jesus do Sul, Barracão e Flor da Serra do Sul, de onde segue sentido Santa Catarina.
Esta rota secundária atravessa o ramal principal no município de Jesuítas. No município de Braganey, iniciava um outro ramal secundário e seguia sentido sul, passando pelos municípios de Cascavel, Boa Vista da Aparecida, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Santa Isabel do Oeste, Ampére e Francisco Beltrão, onde termina.
Esta distribuição espacial do caminho permitia o deslocamento dos índios e dos primeiros desbravadores para vários pontos desta extensa área.
Referências