Ramais no Paraná
Do Atlântico, dois caminhos principais saiam através do Guairá rumo aos afluentes do Rio Iguaçu e do Paraná.O primeiro partia do local que hoje é São Vicente, e rumava para oeste de São Paulo, passando por Sorocaba e rumava para Avaré, a quase 300 Km a noroeste, atingindo o sudoeste, passando por Ourinhos, transpunha o Paranapanema, Cambará e Cornélio Procópio, atravessando o rio Tibagi e atingia Londrina e Apucarana (atualmente Estado do Paraná), continuando e transpondo o Ivaí (Huybay), lugar que hoje se chama Peabiru, chegando a Iguaçu (Iguazu). O segundo caminho partia do litoral catarinense, até Iguaçu, via noroeste - ele foi trilhado por Aleixo Garcia.
Nesses caminhos andaram nativos, portugueses e espanhóis nas descobertas de várias minas de prata perto de Assunção, e que levaram São Vicente, na metade do século XVI, a ser considerado um dos principais portos brasileiros. Além disso, era a principal via de comunicação entre a América espanhola e a metade Sul da América do Sul.
O Caminho, ao atravessar diferentes regiões e servir a povos tão distintos, tinha como características rituais e cerimônias representadas em pinturas rupestres e lendas sobre a trilha, disseminando a cultura dos povos que por ali passavam. Acima de tudo, o Caminho possuía a importância de produzir um espaço geográfico único, com uma cultura diversificada e definindo um território por onde passava. De acordo com José Luiz dos Santos (1966, p.7), "O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. A história registra com abundância as transformações porque passam as culturas, seja movida por suas forças internas, seja por consequência desses contatos e conflitos, mais frequentemente por ambos os motivos". Saquet (2007) coloca que “o território significa tempo, temporalidades e territorialidades”.
O espaço geográfico está intrinsecamente ligado à construção da memória e identidade de uma sociedade. Lugares onde o homem pisa e que ele transforma durante o processo de construção das características desse território mostram a evolução das sociedades, dos povos, através do tempo. Santos (2006) diz "sem dúvida, o espaço é formado de objetos; mas não são os objetos que determinam os objetos. É o espaço que determina os objetos: o espaço visto como um conjunto de objetos organizados segundo uma lógica e utilizados (acionados) segundo uma lógica. Essa lógica da instalação das coisas e da realização das ações se confunde com a lógica da história, a qual o espaço assegura a continuidade."
Esses caminhos e trilhas indígenas foram decisivos para a fundação de diversos povoados e cidades.
E durante a colonização do estado do Paraná diversos caminhos foram utilizados e consequentemente determinantes para a formação do território paranaense.
Referências