Disciplina - Geografia

Consequências e Planejamento

As Consequências
Em Alagoas, famílias destruídas buscavam nos meios dos destroços os corpos de seus entes queridos. Sem água potável, moradores estavam bebendo água salobra. Muitos feridos ficaram sem atendimento médico adequado. A energia elétrica foi interrompida por mais de um dia. As estradas interditadas. E o socorro demorou a chegar. Em Pernambuco, o cenário não era diferente. Especialmente no município de Palmares, no Sul, com o transbordamento do Rio Una, milhares foram os números de desabrigados. A força da correnteza destruiu duas pontes, provocando a total interdição da BR-101.

Vítimas
Críticos afirmam que há nesses dois estados nordestinos uma tragédia já anunciada. A mesma que assolou Santa Catarina e Minas Gerais, em 2008, que atingiu com menos gravidade alguns municípios paranaenses, no início deste ano, e que afetou com a mesma violência o estado do Rio de Janeiro, em abril último.

As enchentes no Rio de Janeiro haviam causado mais mortes do que qualquer outro incidente semelhante, em 2010, em qualquer parte do mundo. Nos últimos 12 meses, aquela inundação havia sido considerada a quinta mais fatal do mundo. Os números de mortos passaram de 100. Como é assustador o número de desaparecidos em Alagoas, as autoridades temem que as chuvas possam ter causado uma tragédia muito maior que aquela mencionada.

Evidentemente, os mais atingidos são sempre os mais pobres, que habitam as encostas e as margens dos rios. Milhares de famílias, oprimidas pela desigualdade econômica e social e pela omissão do poder público, na luta desesperada pela sobrevivência, habitam qualquer pedaço de terra, correndo toda a sorte de riscos.

Vale ressaltar, que dentre as várias cenas chocantes, em União dos Palmares (Alagoas) os moradores aguardavam o resultado do trabalho de uma máquina retroescavadeira que revolvia a terra atrás de corpos, a poucos metros do rio Mundaú. Isso causou imenso pesar.

Escolas
As chuvas também provocaram a antecipação das férias escolares de julho. Em Alagoas, as férias serão antecipadas nas escolas avariadas e naquelas que servem de abrigo para vítimas das chuvas, segundo a secretaria de Estado da Educação e do Esporte.

Em Pernambuco, a secretaria de Educação autorizou a antecipação do início do recesso em 43 escolas de cidades afetadas pelas fortes chuvas. Parte das escolas foi atingida pelas enchentes e outra parte serve como abrigo para as vítimas.

Abastecimento
Moradores das cidades afetadas pelas chuvas em Alagoas enfrentam a falta de água e de energia elétrica. Segundo as companhias estaduais de abastecimento, pelo menos 100 mil pessoas estão sem água e mais de 25 mil casas estão sem luz no estado.

Telefonia
Os serviços de telefonia em diversas cidades nos dois estados foram afetados. Os problemas foram registrados a partir da sexta-feira (18 de junho), mas ainda há pontos com dificuldade de comunicação, como Branquinha e Santana do Mundaú, em Alagoas.

Usinas
A enchente do Rio Mundaú também causou prejuízo para as duas principais usinas de produção de álcool, em Alagoas.

Na usina Santa Clotilde, responsável pela produção de mais de 25 milhões de litros de etanol, a água destruiu as guaritas e o centro de treinamento. A vegetação, presa na rede de alta tensão, mostrou o nível que o rio alcançou. Na usina, foi feito um mutirão de trabalhadores para tirar a lama e a sujeira.

Mas é na usina Lajinha, no município de União dos Palmares, onde a situação é mais grave. No lugar o rio subiu mais de dez metros e arrasou com a estrutura da usina. Há lama por todas as partes.

Além dos prejuízos materiais, a usina perdeu funcionários. A pequena vila de trabalhadores foi completamente dizimada pela força das águas. Há relatos que entre os desaparecidos há vários funcionários da usina.

Dos seis tanques-reservatórios de etanol, cinco foram levados pela correnteza. Os gigantes, com mais de 180 toneladas de ferro, estão encalhados pelo leito do rio. Alguns deles passaram por cima da vila de trabalhadores que fica em frente à usina. O número de desaparecidos na região ainda não foi contabilizado.

Planejamento
Esse é um problema complexo e difícil de resolver. Não há como desalojar, a curto prazo, as imensas populações das áreas de risco e de ocupações irregulares dos grandes centros urbanos e de boa parte dos municípios brasileiros. Além de ser praticamente impossível fazer obras monumentais de contenção. O desmatamento – causa de muito desses desastres – é uma realidade ainda marcante. A falta de educação muito mais. Só à custa de muito planejamento e investimentos gigantescos, a longo prazo, é que esse quadro poderá ser alterado, gradativamente. Mas é preciso começar a encarar o problema com a seriedade que merece, com políticas globais e ações integradas entre governos e municípios. Nenhum brasileiro merece pagar esse preço pelo descaso com a vida humana.

O meteorologista Wilibaldo Lopes, do Instituto Nacional de Meteorologia, acrescenta que mais uma vez eventos extremos sobre país demonstram a nossa vulnerabilidade e a capacidade de um sistema de alerta. O investimento em radares e satélites é questionado há algum tempo. Ressalta Lopes: “A população que vive em área de risco precisa ser treinada para evacuar rapidamente”.

Em nota, o Ministério das Cidades informou que vai ajudar as vítimas das enchentes de Pernambuco e Alagoas na construção de moradias. Isso será feito através do programa Minha Casa, Minha Vida ou com recursos adicionais a serem definidos por medida provisória, para a remoção de famílias que habitam áreas de risco.
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